Al Qabri Ramos

 



Tertúlias de vento

Catam-se assuntos em redondilhas

sentados no fim de sexta-feira

enquanto aguardamos desenvolvimentos

das tristes “homilias” higiénicas da DGS

Vampiros do Ocaso de pandemia

em pandemia, na sangria da dor;

Para outros, memórias preenchem

livros ilustrados e postais

iluminam-se sorrisos e olhos

na lembrança de um outro amor,

falam-se de castanhas e nozes

e há quem já fale de filhoses,

num Natal que promete ser

sem família, do vírus que nos afasta

das conceções e conceitos de vida,

da nossa e dos nossos eleitos

Da política e da corrupção,

sempre associados num mesmo novelar

que deixou há muito de nos escandalizar.

Vive-se encostado aos dias

pseudonormais, e agora?

Adia-se o ter de fazer

pelo tempo verbal de espera

o dia concreto, que não é hoje

nem tão cedo, por decreto

Da economia que fecha mais

lojas que a bolsa de valores em 29,

da escola, da deseducação e da

desintegração do que somos, a tecnologia

que compra com bitcoins o

futuro hipotecado. Viver emprestado.

Falamos de ti, do outro, da mãe,

do avô, do rosto, da idade de morrer

quem diria? apanhados na teia das

circunstâncias bordadas a desgostos

e mais? Nunca, nunca, nunca mais

voltamos ao antes, jamais, e

debaixo das máscaras que vestimos,

a 2ª pele, vamos do profundo ao superficial

num ápice de ego, medo e efemeridade.

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