Posturas, dúvidas e sos






Sem colagens patológicas e sem fundamentalismos, a psicologia clínica foi sempre o que desejei fazer, à parte de escrever para crianças. Inspirada na saúde mental e vislumbrada pelo mapeamento humano, pelo iceberg Freudiano, humanista convicta, sempre me considerei uma Rogeriana, como postura complementar. Porque originalmente e, desde os meus 15 anos, vou beber incondicionalmente à Psicanálise, a Freud, a Jung, à corrente de interpretação de dados sensoriais. A terapia Centrada no cliente é precisamente o oposto, só na medida em que é não-diretiva e mais voltada á perscrutação atenta e menos à interpretação e limitação dos sentimentos e crenças do cliente. Por necessidade de ampliar as "vistinhas", passo a expressão, em termos práticos, lá vou eu aos manuais de teorias e terapias cognitivas e comportamentalistas. E creio ter criado uma certa aversão ao comportamentalismo, quando sozinho. Sou gestáltica. 
Aquando de um dos meus estágios, o de Saúde Mental - a orientadora era de registo psicanalista - voltei a sentir a necessidade que existe de definirmos a nossa postura profissional não-mesclada, afastada, digamos assim, de todas as outras posturas. Ao considerar-me uma apaixonada de psicanálise, vejo agora que este registo, por si só, não me tem trazido os resultados esperados, nem mesmo alicerçado á postura rogeriana.
Há dias a reler Ellis e Beck, deparei-me, na sua origem, com Epicteto, com os gregos e também com Russel, com o conservadorismo. Acredito na complementaridade de terapias e não no milagre que cada uma delas pode operar. E a cautela e distanciamento de cada uma na análise de resultados práticos em clínica, garante-me, se não mais, fuga ao enviesamento - que às vezes somos quem coloca as palas á aplicação de programas de intervenção e até mesmo aos resultados obtidos - no recolhimento de dados e no processo de ganhos terapêuticos.
Dou por mim a pensar que, a par com Ellis, Beck, Cautela, Mahoney, Homme, Meickenbaum, também eu me desiludo pela ausência de respostas da área psicanalítica e descubro fundamentação na multidisciplinaridade teórica e prática do pós-Freud e pós-Skinner.
A par desta afinidade, existe também, na minha forma de afirmação pessoal, uma área problemática gastroduodenal e a dúvida permanente de não saber se estou a fazer tudo o que posso e devo na prática clínica. Aconselho-me e peço orientação em algumas situações, mas, antes, invoco todos os psicoterapeutas idos, como se pedir a ajuda fosse um recurso menos bem visto. Fragilidades reconhecidas. Limitações passadas ao papel. De que forma assumir as dúvidas senão mostrá-las? Socorro :) e caio, e vou em queda livre!




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