Novas ideologias ou reestruturação das velhas?
De um camarada a tantos outros camaradas que começam a perder identificação com ideologias "alteradas". Chegou-me por email esta reflexão do primo mais vermelho que tenho.
Domingos Guedes
Passo adiante
Há já uns dias que vinha cozinhando estas palavras. Há já uns tempos que elas dançavam desordenadamente, experimentando acoplar-se umas com as outras, sem que se dessem devidamente entendido. Por isso, por ser uma situação demasiado dura e triste, houve que ter paciência para que, naturalmente, se fossem organizando. E claro, deixar que as influências externas jogassem o seu papel. Neste caso, a hipocrisia e inesgotável estupidez das declarações do Bernardino Soares sobre a mais recente traição do PCP aos que temos votado neles (sempre, ou nas últimas ocasiões): diz ele que a questão da adoção por casais homossexuais ainda não foi “suficientemente debatida e sedimentada na sociedade”, tendo, portanto, o PCP optado por impor à sua bancada parlamentar uma dita “prudência construtiva”. Ainda tem os “frutos do tomateiro” de dizer que o seu voto “não significa uma posição de rejeição, mas expressa apenas a necessidade de prosseguir o debate, o esclarecimento sobre a questão”. Que tal? O que vos parece?
Para quem não tem estado informado a 100% (cada vez mais difícil, que digamos), os dois projetos-lei apresentados na Assembleia da República que visavam acabar com esta a discriminação dos casais do mesmo sexo (que podem casar mas não adotar), um do BE e outro do PEV, foram chumbados. Votaram. Contra: maioria do PSD, maioria do CDS, 9 deputados do PS e TODOS os deputados do PCP, incluindo os jovens e as jovens estrelas vermelhas recém-saídas da JCP, conhecida pelas suas posturas irreverentes noutros aspetos da vida (estão a favor da despenalização do consumo de drogas leves, mas não de que eu um dia possa adotar os meus sobrinhos, ainda que repitam que a adoção é o direito das crianças serem adotadas…).
Nestas condições, em que um partido de esquerda vota ao lado dos mais rançosos e conservadores do parlamento, e contra ideias que combatem uma injustiça social (quer para os casais de pessoas do mesmo sexo quer para as crianças que poderiam ser adotadas por estes, como os seus mais próximos familiares), e que, sobretudo, se fecha e cala quando questionado sobre essa tremenda incoerência e profunda traição a um setor do seu próprio eleitorado, torna-se insustentável a defesa e apoio que lhe tenho vindo a dar, quer desde Os Verdes quer como cidadão livre e “independente”.
Muitas e muitos dos que leem este texto estiveram comigo n’Os Verdes, outros estiveram mesmo na JCP. Ao longo dos últimos anos cri importante reforçar o apoio à CDU como única alternativa à apatia e destruição do estado social impostos e ditados em Portugal. Dessa forma, entrei mesmo na candidatura desta coligação, desde Os Verdes, à Assembleia de Freguesia de Ermesinde.
Pois é. Neste momento, e depois de partilhado o desgosto com muit@s de vós, sinto-me traído politicamente e OE (órfão de esquerda) ao mesmo tempo. Não temos, em Portugal, alternativa, na esquerda existente. Escuso voltar a comentar a experiência Salvaterra, por si demasiado traumatizante: mostrou que o BE é casa-comum de pessoas interessantes (que tive a sorte de conhecer) com outras muitas oportunistas e possuidoras duma ética muito pouco de esquerda e muito de individualista-personalista. Apesar do interessantes que são algumas pessoas, algumas delas deputadas e deputados nesta ou na anterior legislatura, acho que o vergonhoso apoio ao grupo que governa Salvaterra rasgou toda e qualquer possibilidade de apoio. E o apoio à Guerra da Líbia, idem vergonhoso….
Passo adiante
Há já uns dias que vinha cozinhando estas palavras. Há já uns tempos que elas dançavam desordenadamente, experimentando acoplar-se umas com as outras, sem que se dessem devidamente entendido. Por isso, por ser uma situação demasiado dura e triste, houve que ter paciência para que, naturalmente, se fossem organizando. E claro, deixar que as influências externas jogassem o seu papel. Neste caso, a hipocrisia e inesgotável estupidez das declarações do Bernardino Soares sobre a mais recente traição do PCP aos que temos votado neles (sempre, ou nas últimas ocasiões): diz ele que a questão da adoção por casais homossexuais ainda não foi “suficientemente debatida e sedimentada na sociedade”, tendo, portanto, o PCP optado por impor à sua bancada parlamentar uma dita “prudência construtiva”. Ainda tem os “frutos do tomateiro” de dizer que o seu voto “não significa uma posição de rejeição, mas expressa apenas a necessidade de prosseguir o debate, o esclarecimento sobre a questão”. Que tal? O que vos parece?
Para quem não tem estado informado a 100% (cada vez mais difícil, que digamos), os dois projetos-lei apresentados na Assembleia da República que visavam acabar com esta a discriminação dos casais do mesmo sexo (que podem casar mas não adotar), um do BE e outro do PEV, foram chumbados. Votaram. Contra: maioria do PSD, maioria do CDS, 9 deputados do PS e TODOS os deputados do PCP, incluindo os jovens e as jovens estrelas vermelhas recém-saídas da JCP, conhecida pelas suas posturas irreverentes noutros aspetos da vida (estão a favor da despenalização do consumo de drogas leves, mas não de que eu um dia possa adotar os meus sobrinhos, ainda que repitam que a adoção é o direito das crianças serem adotadas…).
Nestas condições, em que um partido de esquerda vota ao lado dos mais rançosos e conservadores do parlamento, e contra ideias que combatem uma injustiça social (quer para os casais de pessoas do mesmo sexo quer para as crianças que poderiam ser adotadas por estes, como os seus mais próximos familiares), e que, sobretudo, se fecha e cala quando questionado sobre essa tremenda incoerência e profunda traição a um setor do seu próprio eleitorado, torna-se insustentável a defesa e apoio que lhe tenho vindo a dar, quer desde Os Verdes quer como cidadão livre e “independente”.
Muitas e muitos dos que leem este texto estiveram comigo n’Os Verdes, outros estiveram mesmo na JCP. Ao longo dos últimos anos cri importante reforçar o apoio à CDU como única alternativa à apatia e destruição do estado social impostos e ditados em Portugal. Dessa forma, entrei mesmo na candidatura desta coligação, desde Os Verdes, à Assembleia de Freguesia de Ermesinde.
Pois é. Neste momento, e depois de partilhado o desgosto com muit@s de vós, sinto-me traído politicamente e OE (órfão de esquerda) ao mesmo tempo. Não temos, em Portugal, alternativa, na esquerda existente. Escuso voltar a comentar a experiência Salvaterra, por si demasiado traumatizante: mostrou que o BE é casa-comum de pessoas interessantes (que tive a sorte de conhecer) com outras muitas oportunistas e possuidoras duma ética muito pouco de esquerda e muito de individualista-personalista. Apesar do interessantes que são algumas pessoas, algumas delas deputadas e deputados nesta ou na anterior legislatura, acho que o vergonhoso apoio ao grupo que governa Salvaterra rasgou toda e qualquer possibilidade de apoio. E o apoio à Guerra da Líbia, idem vergonhoso….
Pelo que, como tenho dito nos últimos anos, o BE está fora de questão. Tanto este partido, como o PCP, como Os Verdes (cri cri, quem são e onde andam?!) necessitam uma urgente renovação, sobre tudo de atualização e de reaproximação aos coletivos marginados social e economicamente da nossa sociedade. E, já agora, às pessoas que ainda se consideram de esquerda… A elitização da carreira de político é, desde logo, um grave problema da esquerda portuguesa.
Neste sentido, espero que entre os que ainda temos alguma ilusão possamos refundar a esquerda portuguesa. Não de hoje para amanhã, que as coisas repentinas e rápidas não têm solidez para se manterem no tempo. O que proponho, desde Bastavales, é que vamos discutindo, por e-mail e em pessoa sempre que possível, ideias e formas de ação. Se alguém se anima a criar um novo partido, ou movimento, de esquerda progressista, ecologista, pacifista, feminista, que defenda os direitos adquiridos e lute contra todas as formas de discriminação, aqui estamos. Nada de personalismos, nada de sectarismos, nada de elitismos.
Desde já, agradeço toda e qualquer colaboração. Desde logo não me proponho, desde a emigração, ser presidente nem primeiro-ministro de nada, simplesmente quero contribuir com o meu grãozinho de areia para mudar algo, para abalar as consciências, para resgatar as brilhantes mentes dos amigos e amigas que ainda tenho no “retângulo à beira-mar plantado”.
Abraços e beijos.
Neste sentido, espero que entre os que ainda temos alguma ilusão possamos refundar a esquerda portuguesa. Não de hoje para amanhã, que as coisas repentinas e rápidas não têm solidez para se manterem no tempo. O que proponho, desde Bastavales, é que vamos discutindo, por e-mail e em pessoa sempre que possível, ideias e formas de ação. Se alguém se anima a criar um novo partido, ou movimento, de esquerda progressista, ecologista, pacifista, feminista, que defenda os direitos adquiridos e lute contra todas as formas de discriminação, aqui estamos. Nada de personalismos, nada de sectarismos, nada de elitismos.
Desde já, agradeço toda e qualquer colaboração. Desde logo não me proponho, desde a emigração, ser presidente nem primeiro-ministro de nada, simplesmente quero contribuir com o meu grãozinho de areia para mudar algo, para abalar as consciências, para resgatar as brilhantes mentes dos amigos e amigas que ainda tenho no “retângulo à beira-mar plantado”.
Abraços e beijos.
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